E por mais que eu tente, não serás jamais diferente
Estando entre a faca e o abismo, olhe a frente
Um muleque que cresceu em meios aos becos escuros
Que sonhou um dia, mas as feridas abertas não cicatrizou de
tudo
Acredita-se em amizade, paz de espirito e no calor do amor
Mas o que se tem em troca no mundão é só ódio e dor
Não sei para onde vou, ou, se caminho por ai
O que só sei que doí no peito, a saudade de mim
Do que imaginas por aí, imaginavas chegar
Eis me aqui, do que valeu tanto se matar
Por dias a finco de trabalho, noites em claro
As ansiedades, cansaço, o café amargo
Carro, casa, tudo ao alcance das mãos ou não
Cartão de crédito estourado, tudo a prestação, vida de cão
Mas não se tem caminhos para pisar no chão
Tanto faz por onde ir, se tudo é em vão
Pegadas em vão, se vão as pegadas doce amargo
Como as lágrimas que derramo, o gosto de pigarro
Mê de logo, um cigarro ou algo para beber
Prefiro assim, assim do que desobedecer e ver tudo descer
Ruas a baixo como enxurrada de chuva de verão
Eu que já corri pelo mundo fugindo como um cão
Olho para céu, e pergunto do que valeu?
Ser verdadeiro com outros, mas sou covarde com meu eu
Por que reparar o dia lá fora, se amanheci esquecido de mim
Rezo para logo venha fim, quem sabe assim, ai de mim
Minha alma, meu sangue, os batimentos cardíacos
Tomará que isso não seja em vão, que eu tenha logo o perdão
Por mais ou por menos, uns vem e outros tantos vão
Embalados na brisa da noite branca, do gole garganta abaixo
Não estando aqui, talvez eu me acho
Eu queria um bem, que me ajudasse a decidir
E que eu não pudesse mais me inibir ou até fugir
Para quem fingir, se não tenho a quem mostrar
Para quem interpretar, se tenho é vontade de chorar
Então, dê o seu amor para quem merece e sabe se amar
Plante algo no peito que seja fácil cultivar e aflorar